Iniciativa é de escola pública em Ceilândia
Lunde Braghini
Da Ascom Semidh
Nesta terça (14), integrantes da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh) visitaram a Escola Classe 47, em Ceilândia, para conhecer de perto o projeto Orgulho e Consciência Negra, premiado nacionalmente. O objetivo é avaliar como esse projeto pode contribuir para a aplicação da Lei 10.639/03, que trata do ensino da história da África e da cultura afro-brasileira em sala de aula.
A escola atende cerca de 700 alunos, boa parte oriunda do Sol Nascente e do Pôr do Sol, áreas mais humildes de Ceilândia. Referência na cidade, os professores do projeto são frequentemente chamados para palestras, orientações e participação em eventos públicos, como, por exemplo, o aniversário da cidade.
Por meio de projetos bimestrais, a escola trabalha a construção da identidade ao longo do ano, em atividades com crianças da educação infantil, a partir dos quatro anos, até alunos da quinta série. Em novembro, mês da consciência negra, será feita a exposição integrada dos trabalhos, em evento chamado Culminância, que tem adesão de pais, mães e integrantes da comunidade.
As atividades incentivam as crianças a pensar desde cedo em questões, como, por exemplo, por que o lápis cor-de-rosa – “salmãozinho” – é chamado de lápis cor-de-pele, quando a tonalidade dominante da pele brasileira é diferente. Os alunos descobrem isso quando incentivados a fazer um gráfico das raças, trabalhando a identidade pessoal, a genealogia familiar e até do País.
O trabalho com identidade não se faz sem despertar inquietações. Segundo a diretora da escola, Andrea Faria de Oliveira Barbosa, ao ver o desenho de um homem negro no banheiro masculino, em lugar de referência branca que tida como universal, geral ou neutra, uma pessoa que trabalhava com a escola perguntou: “Esse banheiro é só para negros?”
A escola desenvolve atividades integradas que abordam africanidade, ancestralidade, corporeidade, religiosidade, oralidade, entre outros aspectos, de maneira interdisciplinar, quando a tradição é achar que África é só assunto de professores de história. Para a diretora Andrea, nesse campo a Escola Classe 47 é beneficiada pelo fato de as turmas de ensino fundamental 1 terem um único professor ao longo do ano.
Iniciativa original de um ex-professor da escola, Marcos Lopes dos Reis, o projeto vem sendo mantido por outros docentes, como o professor Adailton Batista da Silva, que se orgulha em dizer que “não é mais um projeto do professor Marcos, mas da Escola Classe 47”.
Além dos professores Andrea e Adailton, participaram da reunião as professoras Neriza Silva de Matos, coordenadora da Escola Classe 47, e Adelina Benedita Alves Santiago e Simone Cristalino Veloso, ambas da Coordenação Intermediária de Área de Direitos Humanos e Diversidade na Ceilândia.
Pela Semidh, participaram Renata Melo, Murilo Mangabeira, Andressa Cavalcante e Eliane Pereira, da Secretaria Adjunta de Políticas para a Igualdade Racial, e Renata Parreira e Júnia Amâncio, da Secretaria Adjunta de Políticas para as Mulheres.
Ascom Semidh
3961-1782 e 9272-9702