Evento foi uma integração entre o projeto e as comunidades tradicionais
Em Planaltina, a Caravana da Juventude Negra foi palco de uma apresentação de samba de caboclo no sábado, dia 15 de agosto, na véspera do desfile de domingo que comemorou o aniversário da cidade.
A participação musical do povo do terreiro de pai Jaime de Ogum promoveu uma integração entre a Caravana e as comunidades tradicionais de matriz africana. Depois de vários ensaios ao lado do caminhão da Caravana, ao longo da semana, o som “digitado” entre um toque e outro no atabaque finalmente fez as vezes dos bits do computador, a ressoar e ecoar as mensagens de ancestralidade africana.
Gerente de comunidades tradicionais e patrimônio cultural na Secretaria de Estado das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh), Murilo Mangabeira destaca a importância destas participações culturais mais públicas, por valorizarem a contribuição cultural do povo de terreiro. Pai Jaime, segundo Murilo, já faz um trabalho muito conhecido em Planaltina, chamado Xirê Orixá, com promoção da “ocupação da rua” pelo povo de santo.
Murilo destacou que as manifestações artísticas do povo de santo às vezes são sub-representadas nos próprios eventos da cidade. Mais que sesquicentenária, fundada no dia 19 de agosto de 1859, a história de Planaltina remonta ao tempo da escravidão e da resistência negra a ela.
Segundo Guilherme Neves, assessor especial de igualdade racial na Semidh, as lideranças de terreiro de Planaltina, como pai Jaime de Ogum e Pai André, receberam muito bem a Caravana e ajudaram a mobilizar as pessoas para participarem de oficinas e capacitações – e não apenas para as tecnológicas, como foi o caso da procura pela oficina de trança e turbante, ministrada por Layla Maryzandra.