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2/07/14 às 20h17 - Atualizado em 29/10/18 às 11h14

Reeducação de autores de violência avança no DF

Nos cinco primeiros meses de 2014, número de atendimentos nos Nafavd chegou a 5.673

LMPA reeducação dos autores de violência contra as mulheres é a base do trabalho realizado pelos Núcleos de Atendimento a Famílias e Autores de Violência Doméstica (Nafavd), geridos pela Secretaria da Mulher do DF. Único programa no DF com atendimento psicossocial voltado para homens, o serviço registrou 5.673 atendimentos de janeiro a maio deste ano, mais que o dobro do número registrado no primeiro trimestre de 2014, que chegou a 1.890, de janeiro a março.

“Maior do que esses números é o sentimento de dever cumprido, pois ao avaliarmos esses dados constatamos que é possível sim mudar a mentalidade de homens que antes tinham como rotina desrespeitar e até agredir suas mulheres”, observa a secretária da Mulher do DF, Valesca Leão. Mais do que fazer com que o homem mude de atitude, deixando de agredir sua família apenas pelo medo de uma punição, o Nafavd busca desconstruir toda uma cultura machista que o fazia achar-se no direito de partir para a violência.

 

De acordo com a gerente do Nafavd, Maísa Guimarães, a mudança na forma de se relacionar com quem está ao redor é um dos objetivos do trabalho desenvolvimento pelas dez unidades do Nafavd espalhadas pelo DF, que inclui ações educativas e preventivas que visem impedir a reincidência de problemas que resultem na violência doméstica.

O público-alvo são homens como G.R.O, de 34 anos, que disse ter aprendido, no Nafavd, a lidar melhor com situações que poderiam resultar em conflito, não só em casa, mas também na vida cotidiana. “As psicólogas realizaram um trabalho maravilhoso comigo, e posso dizer que isso transformou a minha vida”, conta G.R.O., que garante ter aprendido a se responsabilizar por suas ações, o que inclui responder por possíveis atos violentos que venha a cometer.

“Buscamos gerar essa responsabilização pela violência cometida e isso passa pela mudança na forma de se relacionar com as pessoas e pela reflexão sobre estereótipos de gênero e solução não violenta de conflitos. São comuns os relatos de agressores que dizem não entender a atitude como uma violência doméstica”, ressalta Maísa Guimarães.

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Confira os dados na íntegra



E essa reflexão foi que fez com que G.R.O. repensasse sua conduta. Ele próprio reconhece que não se pode atribuir apenas ao álcool a culpa pelas atitudes violentas que tinha contra a família, mas admite que a bebida potencializa a visão machista de que o homem deve usar até a força ao se sentir humilhado, por exemplo. “A minha mulher falava comigo gritando, perto dos meus dois filhos, e aquilo me fazia sentir muito mal, aí eu tinha que reagir”. G. conta que não podia sequer ir à casa da mãe ou sair com amigos, que era aquela gritaria quando voltava, devido ao ciúme da mulher.

No Nafavd, não só G.R.O. aprendeu a lidar com suas emoções. Ele comemora o fato de ter aprendido a agir com calma em situações diversas de estresse, pois disse estar mais controlado até para aguardar a vez numa fila de banco. E conta, também, que até a mulher ficou mais paciente, depois de conversar com os psicólogos do Nafavd. Quanto ao uso do álcool, um incentivo à violência, ele revela que diminuiu bastante o consumo da bebida.

Também o porteiro W.A.F., 35 anos, teve que aprender no Nafavd que a violência não resolve nada. Ele se diz muito grato pelas orientações que o levaram a tratar a mulher com respeito e a adotar uma postura diferente numa situação de conflito. Embora seu casamento tenha chegado ao fim, o aprendizado, no seu entender, vai servir para a vida toda, pois, perto de se casar novamente, W.A.F. assegura que neste novo relacionamento não vão se repetir as brigas que o fizeram ir parar na Justiça. “Expliquei tudo que aconteceu. Ela ficou meio apreensiva, mas depois entendeu”, finaliza.

Contratação – Por meio de um convênio assinado com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, a Secretaria da Mulher ampliou o quadro de servidores dos Nafavd com a contratação de 27 novas servidoras, entre antropólogas, assistentes sociais, psicólogas e sociólogas. “Essa realidade permite o atendimento adequado a vítimas e autores das agressões, preservando a ética e a qualidade profissional nos processos”, afirma a secretária Valesca.

Os Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica recebem pessoas em situação de violência doméstica encaminhadas pela Casa Abrigo, Juizados Especiais Criminais e Varas de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), além do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).


Maiza Valério

ASCOM SEM-DF
3961-1782 / 3425-4779 

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