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9/10/15 às 18h37 - Atualizado em 29/10/18 às 11h14

Outubro Rosa chega a indígenas do Noroeste

 Ação faz parte da Campanha Outubro Rosa em Brasília 

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A Unidade Móvel de Atendimento à Mulher do Campo e do Cerrado visitou as comunidades indígenas do Setor Noroeste, nesta quarta-feira, dia 7 de outubro. Cerca de 40 a 50 mulheres foram conferir as atividades desenvolvidas em parceria com profissionais do Centro de Saúde da Vila Planalto, pela manhã, e com o pessoal do Ambulatório de Saúde Indígena, do Hospital Universitário de Brasília, pela tarde.

Mulheres, crianças, jovens e alguns homens acompanharam atentos as primeiras atividades da manhã: aulas sobre escovação, prevenção de cáries e promoção da saúde bucal ministradas por equipe de seis profissionais, entre dentistas, enfermeiras e agentes de saúde – cinco na ativa e uma aposentada –, do Centro de Saúde da Vila Planalto.

Com pitadas de bom humor, a dentista Maria Auxiliadora Nogueira Panizza Pinto despertava, aqui e ali, risos entre o público, que passava a responder, a colaborar, a arriscar pergunta, a  criticar horários e vagas restritos de atendimento odontológico – inclusive, mas não só – no Centro de Saúde Próximo e até a fazer denúncia de discriminação racial na tentativa de acessar o serviço médico.

 “Quando eu disse que era índia, a doutora disse que índio, para ela, andava pintado e pelado, batendo na boca e fazendo uh-uh-uh”, relatou uma sobrinha da cacique Ivanice Tanoné Kariri-Xocó, explicando que hoje só fala mesmo “se é índia” quando lhe perguntam.

Oriunda de Alagoas, onde sempre volta anualmente para participar dos festejos na área do Porto Real do Colégio – em cujas salas seu povo aprendeu o português e desaprendeu a tradição – e um símbolo de empoderamento feminino, a cacique Tanoné chegou a Brasília em 1986, a procura de atendimento médico para ferimento na perna produzido na queda de uma jaqueira.

Empoderamento

Aqui em Brasília, no hospital Sarah Kubitscheck, a cacique conseguiu salvar a perna que um médico chegara a falar em amputar, para desespero seu, em Alagoas. Quando se radicou na área já ocupado por integrantes do povo tuxá desde 1969, e do povo fulniô, desde 1980, com a chegada de Santxê – o líder mais conhecido na resistência à desocupação da área pretendida pelas empresários e por autoridades para a construção do Setor Noroeste –, Tanoné se somou a uma luta que fez história em Brasília.

Falecido em 2013, Santxê é saudado por Tanoné como um “grande guerreiro”, embora ela não esconda o esforço que faz para fechar algumas feridas produzidas no embate político com ele. Hoje símbolo de empoderamento feminino, Tanoné reclama para si o mérito de ter conseguido trazer a luz, após 29 anos de luta. No temporal que caiu terça-feira, dia 6 de setembro, e abateu boa parte da produção de mangas, a comunidade sentiu o (des)gostinho de ficar sem luz.

Durante o almoço, a secretária adjunta de igualdade racial da Semidh (SIR), Vera Lúcia Araújo, pôde experimentar um pouco do talento culinário de Tanoné, que boa parte da vida também trabalhou como cozinheira de forno e fogão, e das mulheres indígenas. Pela tarde, a antropóloga Maristela Sousa Torres e a equipe do Ambulatório de Saúde Indígena do Hospital Universitário de Brasília, conversaram sobre o tipo de serviço que o ambulatório faz, acolhendo indígenas encaminhados pela Casa de Saúde Indígena (Casai).

Agenda política

Aluna de enfermagem da UnB, da etnia baré – “etnia, não: povo”, diz a cacique Tanoné –, situada na região do Alto Rio Negro, Rayanne Cristine conversou sobre o projeto Voz das mulheres indígenas, da ONU Mulheres, que puxa conversa sobre o grau de prioridade de cinco temas na agenda da mulher indígena, centrados nas questões da violação de direitos, do empoderamento político das mulheres, do direito à terra, do direito à saúde, educação e segurança, e, por fim, das tradições e diálogos intergeracionais.

 A visita aos povos indígenas do Noroeste foi fruto de concertação interna na Semidh, entre a  secretaria adjunta de igualdade racial (SIR), presente com Oswaldo Xukuru, Murilo Mangabeira e Eliane Ferreira; a coordenação de promoção de políticas para as mulheres (Coprom), presente com Geralda Resende e Gardência Cândido; a coordenação de enfrentamento à violência contra as mulheres, representada pela equipe da Unidade Móvel, conceição Nascimento e Neide Macedo; e a coordenação de promoção de direitos de diversidade, representada pela psicóloga e sexóloga Lee Eliete, que realizou atendimento psicossocial de seis mulheres pela manhã e de quatro mulheres pela tarde, no interior da unidade móvel . 

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