Secretária Marise Nogueira alerta para as falsas ofertas de emprego com altos salários no exterior
Pelo menos 36 moradores de Brasília foram vítimas do tráfico de pessoas entre janeiro 2012 e junho de 2015, de acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania. Os dados ainda são imprecisos por se tratar de uma modalidade de crime pouco conhecida pela população, o que gera um baixo índice de denúncias. Com o objetivo de prevenir e conscientizar as pessoas desse problema, foi aberta, nesta segunda-feira (27), a Semana Nacional de Mobilização para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, na Rodoviária do Plano Piloto.
Na ocasião, foi lembrado o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que ocorre em 30 de julho, e lançada a campanha internacional Coração Azul, símbolo escolhido para representar a luta. As atividades seguem até 10 de agosto, data em que será realizada uma audiência pública sobre o tema na Câmara Legislativa. Nesta terça-feira (28), um encontro reunirá técnicos da Rede de Atenção ao Migrante, Refugiado e Tráfico de Pessoas, a partir das 8h30, na Escola de Governo do Distrito Federal. Já no sábado (1º), será a vez de uma caminhada mobilizar cidadãos pela causa no Parque da Cidade Dona Sarah Kubitscheck.
A colaboradora do governo Márcia Rollemberg, esposa do governador Rodrigo Rollemberg, participou da solenidade e se disse alarmada com o número de vítimas em todo o mundo — que chega a 20 milhões de pessoas por ano e movimenta US$ 32 bilhões. Desse valor, 85% provém da exploração sexual, segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU). “Essa é a terceira atividade ilegal mais lucrativa, ficando atrás apenas do tráfico de armas e de drogas. Um absurdo que temos que combater.”
O secretário de Justiça e Cidadania, João Carlos Souto, afirmou que esse é o tipo de crime que só será resolvido por meio da mobilização social. “É uma realidade que afeta milhares de pessoas e que ainda é de difícil percepção, por isso precisamos unir forças nessa luta.” Segundo ele, a denúncia é a forma mais eficaz de combate à criminalidade. Para fazê-la, deve-se entrar em contato com as autoridades pelo Disque 100 (denúncia nacional), Disque 180 (central de atendimento à mulher) e 190 (emergência da Polícia Militar).
Mulheres – A secretária de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Marise Ribeiro Nogueira, alerta para situações comuns nestes casos, como a oferta de trabalhos que pareçam fáceis. “Propostas de emprego no exterior, com remuneração bem acima da média, devem ser vistas com um olhar crítico. O sonho de trabalhar pouco e ganhar muito pode virar um pesadelo”, avalia.
Ela lembra que a Casa da Mulher Brasileira e os Centros Especializados de Atendimento à Mulher (Ceam) estão à disposição das mulheres vítimas de tráfico. “Nossa equipe multidisciplinar e o trabalho integrado da rede de atendimento podem auxiliá-las na retomada de suas vidas”, expõe. Nesta quinta-feira, 30, servidores da Casa participarão de um curso sobre tráfico de pessoas.
A subsecretária de Políticas para Justiça e Cidadania do Distrito Federal, Joana D'arc Melo, informou que tanto em Brasília, como em todo o mundo, o tráfico com a finalidade de exploração sexual de mulheres é o mais praticado. “As vítimas são iludidas por falsas agências de modelo, mas existe também o tráfico para trabalho escravo, de órgãos e também para a adoção ilegal.” Este mês, um homem foi preso no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek suspeito do crime de tráfico de órgãos ao tentar embarcar com um grupo de garotos, entre 11 e 16 anos, para a Bahia.
Também participaram da cerimônia de abertura a coordenadora Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, Heloísa Greco; a defensora pública da União, Mariana Lucena de Nascimento; e o diretor-executivo do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Rafael Franzini.
Fonte: Agência Brasília (com adaptações)
Ascom Semidh
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