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Maria da Penha ONLINE Governo do Distrito Federal
12/04/16 às 14h26 - Atualizado em 29/10/18 às 11h14

Ciganos sediam reunião histórica do Conselho de Segurança

Na noite de terça-feira, 5 de abril, a reunião do Conselho de Segurança (Conseg) de Sobradinho foi realizada no acampamento cigano da Rota do Cavalo. Programada pelo presidente do conselho, Hélio das Chagas, com o objetivo de integrar os ciganos ao trabalho do Conseg e também de conhecer mais sua situação, a reunião teve um caráter tão importante que os próprios ciganos a filmaram, para mostrar a outras comunidades.


“Em 500 anos de história isso nunca aconteceu”, disse Seu Wanderley da Rocha, pois foi a primeira vez em que o contato com as forças de segurança foi promovido para um diálogo. Na tradição de itinerância, que ora abandonam tentando se fixar no DF, os ciganos sempre se depararam com autoridades das administrações locais que lhes vinham dizer que não eram bem-vindos ou com forças de segurança a intimidá-los.

 

Cultura

Diretor de políticas de diversidade étnico-racial da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Murilo Mangabeira considera que as forças de segurança presentes – como o corpo de Bombeiros, o 13º Batalhão de Polícia Militar e a 13ª Delegacia de Polícia – puderam ter um contato com a comunidade cigana de forma mais organizada, para compreender melhor especificidades da cultura cigana e também os problemas comuns que enfrentam como cidadãos.

 

Como exemplo de fator cultural específico, Murilo cita a própria questão do “rapto” de uma cigana, ocorrido no acampamento e transformado rapidamente em notícia sensacionalista. “Na cultura cigana é uma forma de tentar forçar um casamento”, que pode ou não ser aceito e se concretizar e não uma forma de arbitrariedade individual e criminosa.   

 

Em situação fundiária formalmente mais legal que a do condomínio vizinho, desde que foram assentados em dois terrenos em junho de 2015, os ciganos enfrentam problemas de segurança comuns, como falta de transporte e de iluminação, agravados por estarem em terreno muito aberto, no qual é fácil entrar, e mais vulneráveis e expostos a qualquer conflito, pois moram em cabanas e não em construções de alvenaria.

 

Plano Brasília Cigana

O GT Brasília Cigana trabalha com a ideia de apresentar o Plano de Ação Brasília Cigana no dia 24 de maio, Dia Nacional dos Ciganos. Em articulação do GT, os engenheiros Sem Fronteiras (EsF-Brasília) visitaram o acampamento de Seu Wanderley no dia 25 de março, feriado da sexta-feira santa, para estudar tecnologias sustentáveis adequadas ao que sonham os ciganos para o terreno.

 

No dia 8 de abril, a Subsecretaria de Igualdade Racial se reuniu com a Superintendência de Patrimônio da União no DF, com o objetivo de eliminar dúvidas acerca das obrigações do Governo de Brasília em relação à manutenção do espaço cedido pela União aos ciganos. Uma questão importante, segundo Murilo Mangabeira, é que o terreno é considerado rural e há regras para construção no ambiente rural que delimitam a porcentagem do terreno que pode ser impermeabilizada.

 

Além da subsecretaria de igualdade racial, também estiveram presentes na reunião do Conseg-Sobradinho, presidido por Hélio da Chagas, integrantes do GT Brasília Cigana, Adriana Tosta Mendes, da Secretaria de Educação, e Paula Regina Gomes, da Subsecretaria de Segurança Cidadã.

 

A delegada Gláucia Cristina da Silva, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), aumentou o peso histórico da reunião de terça, ao dizer que a reunião no Conseg também era a sua primeira visita a uma comunidade tradicional desde que a delegacia criada para combater o racismo e a intolerância começou a funcionar.

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